Num lugar qualquer

Encontrei-o sentado na grama,
Brincando com suas lâminas verdes.
Ele não me viu chegar.
Melhor assim,
Ainda não era a hora de me conhecer.
Os cabelos fartos só poderiam ser herança da mãe.
E a covinha no sorriso era o verdadeiro retrato do pai.
Algumas vezes ele olhava para o céu
Perdido como uma pipa
E franzia os olhos para se proteger da luz forte do sol.
Foi quando percebi que chorava
Senti vontade de correr para abraçá-lo
Para protegê-lo dessa aflição.
Mas, ele não sabia quem eu era,
Ou quem seria eu em sua vida.
O anjo que me guiou até lá
Segurou firme meu braço
E me encarou:
- Hora de partir.
Quis protestar,
Porém minhas rugas não chegaram a verbalizar nenhuma frase.
Acompanhei o anjo até a saída.
Antes de partir
Virei o rosto e contemplei
Aquele que seria
Um dia
Meu único filho.
(Paulinha – 10 de maio de 2012)

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