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Mostrando postagens de maio 16, 2010

Cemitério da Memória

Abandonei aquele corpo sem vida na grama molhada do início da manhã. Levantei o rosto para compreender a paisagem. Nenhuma folha se movia. Não havia vento. Não havia som. O céu cinza impenetrável sufocava o ar de meus pulmões. Caminhei cada passo sentindo o peso completo da partida. Mas não chorei, Porque a dor levou também minhas lágrimas. Segui os corredores desertos de vida Acompanhada apenas do olhar de cada foto. De alguns eu já não lembrava nem a voz Esbocei um pequeno sorriso pela ironia dessa constatação. Começamos a vida “inteiros” E com o passar dos anos Tornamo-nos retalhos. Cada fim leva de mim uma parte do coração E uma história de intensidade Não poderia ter outro retrato: Cicatrizes. Antes de cruzar a saída Virei o corpo para conferir o que deixei para trás Passei pelo portão E senti o retorno do vento. Deixei o cemitério da memória Selando seu enterro Com o cadeado da coragem. Ergui o rosto com firmeza Abrindo passagem para novo E fui Rumo ao renascimento. (Paulinha – 2