Cemitério da Memória
Abandonei aquele corpo sem vida na grama molhada do início da manhã.
Levantei o rosto para compreender a paisagem.
Nenhuma folha se movia.
Não havia vento.
Não havia som.
O céu cinza impenetrável sufocava o ar de meus pulmões.
Caminhei cada passo sentindo o peso completo da partida.
Mas não chorei,
Porque a dor levou também minhas lágrimas.
Segui os corredores desertos de vida
Acompanhada apenas do olhar de cada foto.
De alguns eu já não lembrava nem a voz
Esbocei um pequeno sorriso pela ironia dessa constatação.
Começamos a vida “inteiros”
E com o passar dos anos
Tornamo-nos retalhos.
Cada fim leva de mim uma parte do coração
E uma história de intensidade
Não poderia ter outro retrato:
Cicatrizes.
Antes de cruzar a saída
Virei o corpo para conferir o que deixei para trás
Passei pelo portão
E senti o retorno do vento.
Deixei o cemitério da memória
Selando seu enterro
Com o cadeado da coragem.
Ergui o rosto com firmeza
Abrindo passagem para novo
E fui
Rumo ao renascimento.
(Paulinha – 21 de maio de 2010)
Levantei o rosto para compreender a paisagem.
Nenhuma folha se movia.
Não havia vento.
Não havia som.
O céu cinza impenetrável sufocava o ar de meus pulmões.
Caminhei cada passo sentindo o peso completo da partida.
Mas não chorei,
Porque a dor levou também minhas lágrimas.
Segui os corredores desertos de vida
Acompanhada apenas do olhar de cada foto.
De alguns eu já não lembrava nem a voz
Esbocei um pequeno sorriso pela ironia dessa constatação.
Começamos a vida “inteiros”
E com o passar dos anos
Tornamo-nos retalhos.
Cada fim leva de mim uma parte do coração
E uma história de intensidade
Não poderia ter outro retrato:
Cicatrizes.
Antes de cruzar a saída
Virei o corpo para conferir o que deixei para trás
Passei pelo portão
E senti o retorno do vento.
Deixei o cemitério da memória
Selando seu enterro
Com o cadeado da coragem.
Ergui o rosto com firmeza
Abrindo passagem para novo
E fui
Rumo ao renascimento.
(Paulinha – 21 de maio de 2010)