Grades da Alma

Frio.
Foi minha primeira sensação antes de abrir os olhos.
Uma luz bem fraquinha atravessava as grades da janela.
As pedras do chão escuro estavam úmidas.
Meus olhos anteriormente fixos na primeira paisagem do meu despertar,
Passearam por minha cela.
Ferida.
Doente.
E só.
Sem conseguir mover o corpo
Continuei pela paisagem do mundo que me cercava.
Não lamentei as marcas.
Sempre lutei pelo que ambicionei.
Ninguém me empurrou.
Fui eu quem rasgou o vestido.
Fui eu quem fugiu pela janela.
Fui eu quem conduziu os cavalos em direção ao céu.
Fui eu quem procurou.
Você,
Ou a morte.
Meu peito não segurava mais os anseios de minha alma.
E meu coração batia.
Resoluto em sua direção.
Mas eles me pararam.
Lá em cima.
No cume.
Pegaram-me com a mão no seu rosto.
Eu sabia.
Eles não suportariam minha coragem, não é?
Por isso,
Não lutei.
Dois pares de mãos agarraram meu braços,
Arrastaram-me alguns metros,
Até eu perder de vista o seu rosto.
Não olhei para os lados
Só para seus olhos.
Fui levada para meu destino.
Meu sepultamento.
Pela coragem que tenho.
Insuportável para os covardes.
Não preciso levantar o corpo
Pois morrerei.
Como eles querem
Mas não será em vão.
Pois minha imagem ficará
Impregnada em cada retina
Que presenciou minha vontade de amar.
(Paulinha)

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