Responsabilidade Individual

Ontem escutei a narração de uma amiga e passei o dia intrigada com o tema de sua história.

Já faz tempo escuto sobre o assunto responsabilidade ambiental. Muitas empresas carregam nas assinaturas digitais de seus funcionários mensagens que induzem a reflexão sobre o papel (“é realmente necessário imprimir essa mensagem?”). Várias palestras são ministradas por grandes multinacionais para a demonstração dos investimentos efetuados na área ambiental: reciclagem, tratamento de água, reflorestamento.

Muito bem. Tudo isso é imensamente importante, afinal nosso planeta grita socorro há anos. Agora, acho muito engraçado ninguém pensar sobre outro tipo de responsabilidade. Não sei bem seu nome, ela não está na moda. Mas, posso explicar: é aquela que mede a ação de nossas escolhas na vida daqueles que nos cercam. Não estou falando do menino que pede dinheiro no farol não, viu? Falo sobre nossos pais, nossos companheiros, nossos colegas de trabalho. Falo daqueles parceiros em potencial.

Trabalhamos juntos, tomamos café de tarde e sempre um clima no ar. Resolvemos sair para jantar, a atração fica mais forte e nos beijamos. Aí vem um cinema na semana seguinte, um chopp no fim de semana. Depois pinta um compromisso no qual alguém da família está presente. Viajamos juntos no feriado. Elaboramos como iremos esconder o compromisso no ambiente de trabalho. Eis que... passa mais um tempinho e entra em cena um discurso típico: “estou com muitos problemas e, por isso, não posso assumir um relacionamento sério”.

Pergunto: se há dúvidas, por que apresentar para alguém da família? Foram as circunstâncias? Não, não temos mais dezoito anos. Temos mais de trinta ou quase isso. Se não sabe o quer: crie vínculos paulatinamente. Ou melhor, não estimule a criação de vínculos! Deixa rolar frouxo. Você também é responsável pelo que as pessoas acreditam. Suas ações atingem diretamente aquele que você beija na boca. Isso é ser responsável. Isso é ter respeito pelo indivíduo. Isso é ser solidário.

Não estou dizendo para você ficar com alguém que não gosta não. Ninguém pode ser condenado à infelicidade. Mas não crie expectativas desnecessárias. E se forem criadas, então seja decente para assumir que foi um inconseqüente. Abandona a velha desculpinha do “estou com problemas” e assuma que você reflete muito pouco sobre aquilo que realmente quer. Assuma que foi irresponsável por envolver alguém sem ter certeza se queria de fato se envolver com essa pessoa.

Responsabilidade com o indivíduo: esse tema também deveria estar na moda.

(Paulinha)

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